Pouco tempo
atrás, estava cozinhando com um amigo. A intenção era inaugurar uma panela wok nova que eu acabara de ganhar. A pretensão
era fazer uma “interpretação pessoal” de dois pratos, um chinês e outro
tailandês – frescura de quem curte Masterchef®. Foi quando ouvi
dele o seguinte comentário: “– A crise me
fez aprender duas coisas: respeitar mais o dinheiro e reconhecer melhor quem
são meus amigos”.
Ele é um
executivo com larga experiência na área de assistência técnica da indústria
automobilística, que há quase dois anos tenta se recolocar no mercado. “– Para aqueles que já chegaram aos
cinquenta anos de idade, a crise pegou mais forte”, sentenciou ele.
Crise ao quadrado
Aquelas últimas
palavras bateram fundo em mim e fiquei refletindo sobre elas durante vários
dias, tentando achar alguma razão para terem me afetado tanto. A conclusão que cheguei
foi a de que me vi no espelho. Afinal de contas, eu também havia chego aos 50. Porém,
a ficha caiu somente quando ouvi tal constatação em
outra pessoa.
Sabe, sempre
ouvi falar muito das crises dos 30 anos, dos 40 e assim por diante, ficando atento
a estas passagens, até para me compreender melhor e tentar suplantá-las da
forma mais harmoniosa possível. Só que desta vez, na dos 50, foi diferente,
visto que a “outra” crise, na qual todo o país está mergulhado, vinha
arrebatando toda a minha atenção. Ou seja, o
fato é que estou vivendo duas crises, a Econômica e a dos 50. Pois é, crise ao
quadrado!
Tomando a vida nas próprias mãos
Passados
alguns dias, acabei por me lembrar de um livro que havia lido há exatos 15
anos: “Tomar a vida nas próprias mãos”, da Gudrun Burkhard (1929 –). Tentei
achá-lo em minha biblioteca, mas recordei-me de tê-lo emprestado para a editora
sênior que trabalhou comigo na primeira edição do “Vendas B2B”. Como nunca mais
a vi depois do lançamento do meu livro, perdi o contato e aquele livro, tendo
que recorrer à internet na tentativa de rever alguns dos conceitos lá expostos.
A Sra. Gudrun
é uma brasileira de origem alemã, pioneira em nosso país na
chamada Medicina Antroposófica. A Antroposofia,
teoria elaborada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861–1925), propõe um
caminho para nosso equilíbrio físico e espiritual, fundamentando-se na ideia de
que a vida se desenvolve em fases:
- - 0 – 21 anos: amadurecimento biológico;
- - 21 – 42 anos: amadurecimento psicológico;
- - 42 em diante: amadurecimento espiritual.
Ao se dividir cada
fase em três partes, temos os chamados “setênios”, cada qual diferente em conteúdos,
significados e desafios.
Referências para o desenvolvimento
Cada setênio
teria então, segundo a Antroposofia, uma tônica específica em nossas vidas. Sei
que muitos dos que estão lendo agora este texto podem ter mais, ou menos, do que
os meus 50 anos, mas vou tomar a liberdade de falar somente do meu setênio,
compartilhando algumas das minhas conclusões. Isto porque se para você elas
fizerem sentido ficará aqui o caminho para a busca de sua própria compreensão
pessoal. Se há certas leis comuns a todos nós no desenrolar de nossas histórias
de vida, tal conhecimento pode ser útil para que cada um estabeleça alguns pontos
de referência para o próprio desenvolvimento pessoal.
O oitavo
setênio se inicia aos 49 anos e dura até os 56. Daí a primeira constatação: da
mesma forma que a chamada “crise dos 30”, na verdade, pode ser a dos 28 ou a dos
35 – minha idade quando li o livro da Gudrun pela primeira vez –, a crise dos
50 começa antes, isto é, aos 49 anos. Ou seja, ano passado, quando nossa real
situação econômica foi descortinada aos olhos de todos.
Espiritualidade e vendas
Segundo a
Antroposofia, este setênio estaria marcado por uma busca de maior interiorização
e religiosidade, diante do declínio físico vindo com a idade. A questão
espiritual da vida ganharia mais relevância, sendo um período de consolidação
da sabedoria e afloração do desejo e disponibilidade de servir aos outros. É
uma época que possibilita uma visão mais ampla do sentido das coisas e da
própria existência, onde valores pessoais dão lugar a valores mais universais e
humanitários.
- - Aprender: uma das máximas de qualquer doutrina espiritualista bem fundamentada é que estamos de passagem no plano terrestre para aprender e evoluir. Em toda minha carreira como especialista em vendas, sempre defendi que a principal habilidade de um vendedor bem-sucedido é seu desejo genuíno de aprender. O resto se desenvolve.
- - Caridade: um vendedor para ser bem-sucedido precisa se colocar no lugar do próximo e pensar com os sapatos dele. Não se vende pensando no “eu”, mas em como podemos ajudar o próximo. Esta é uma das regras de ouro na vida e nas vendas.
- - Humildade: a grande diferença entre a inteligência e a ignorância é que a primeira tem limite. Ao compreender melhor nosso papel nesta existência, diante da grandeza de tudo o mais, abandonando a arrogância, a indiferença, os preconceitos, somos mais bem-aceitos pelos que nos cercam. Quanto de esforço se faz para que um cliente, simplesmente, aceite um vendedor?
Vazio interior e conversas amigáveis
Lembrei-me
prontamente de uma conversa que tive com minha mulher, sobre se fazer o que
vinha fazendo há 18 anos com a SaleSolution ainda teria valor paras as
empresas. Confidenciei, inclusive, a dificuldade com a qual andava lutando para
escrever, pois tudo o que me vinha na cabeça parecia que eu já havia abordado em
algum outro texto. Ela gentilmente olhou nos meus olhos e perguntou: “– Ainda existem vendedores e empresas cometendo
erros e perdendo negócios?”. Respondi que sim, que a todo o momento
vendedores falam com pessoas erradas ou da forma errada; expõem suas ofertas da
forma indevida; dão descontos sem necessidade e assim por diante. Perdem tempo,
dinheiro e qualidade de vida por não saberem ou não usarem conceitos e técnicas
que os ajudariam a serem mais efetivos; a terem, enfim, uma vida melhor. Ela me
respondeu: “Então, o que você faz ainda é
útil.” Virou-se e continuou serenamente a fazer o que estava fazendo.
Não ria. Não
tenho culpa, foram apenas pensamentos. Fiquei imaginando como um sujeito que
durante anos ficou fazendo sempre a mesma coisa, por exemplo, salames – fazendo
bem, mas ainda a mesma coisa –, encontrava vibração no seu dia-a-dia. E me lembrei
de algumas conversas boas que tive em algumas vinícolas pelas quais passei em
alguns momentos da vida, experimentando vinhos e produtos artesanais. Recordei dos
sorrisos e da conversa amigável e feliz que tive com alguns daqueles senhores e
senhoras.
Sabedoria e entrelinhas
Uma vez que o
próprio destino já não tem mais tanta importância, o oitavo setênio seria
também um momento de maior harmonia com a vida. Acaba-se buscando um novo ritmo
biológico, onde se aprende a ouvir mais a nossa voz interior. Não se trata mais
de forçar as coisas e sim, obedecer aos próprios sentimentos, desenvolvendo
mais a paciência. Esta pode ser uma fase de bastante sabedoria.
No oitavo
setênio, o ser humano conseguiria enxergar melhor uma situação por diversos
ângulos, tendo um nível de percepção e julgamento mais maduro, adquirindo-se
uma maior capacidade de preparar as outras pessoas para seus desafios e obtendo
maior prazer no desenvolvimento dos outros.
Mentoring e coaching
Estas últimas
características do setênio que vivencio acabaram por trazer uma das respostas
que procurava, isto é, por quais formas diferentes eu poderia contribuir para
ajudar as pessoas, ou mesmo as empresas, a melhorarem sua capacidade de vendas
e negociação. Tomei, assim, a resolução de aumentar meu
foco de atuação por meio do mentoring e coaching personalizado. Na verdade, há cerca de dois anos vinha
fazendo alguns testes, mas de forma muito tênue, sem qualquer alarde, com
pessoas que buscavam minha ajuda, não necessariamente para um treinamento, mas
para uma orientação mais individualizada e especifica.
E como agora
vivo no interior do interior, a forma de chegar até elas será prioritariamente a
internet, o que acabará trazendo praticidade às pessoas, pois as conversas poderão
acontecer independentemente do local em que elas estejam e com uma maior
liberdade de horários para se estabelecer uma agenda em comum – caso você tenha interesse, me escreva ou ligue,
será um prazer poder atendê-lo e, quem sabe, trabalharmos juntos: romeo@salesolution.com.br
e (11) 94739-1913.
Conclusão
É óbvio que
cada história de vida é única, não havendo duas iguais. É certo também que o
conceito de ler a vida por meio de ciclos não nasceu com a Antroposofia de
Steiner. Na China, por exemplo, desde longas datas se diz que o ser humano tem vinte
anos para aprender, vinte para lutar e vinte para se tornar sábio. Porém,
descobrir dentro de tamanha multiplicidade de vivências o que é comum a todos,
pode ser uma das chaves para compreendermos muitas das questões com as quais
nos defrontamos ao longo de nossas vidas. Fica aqui a dica!
Boas vendas e excelentes negociações!
Renato Romeo
Sócio-Fundador
SaleSolution Desenvolvimento de Vendas
Sócio-Fundador
SaleSolution Desenvolvimento de Vendas
PS1: Gostou do artigo e acredita que ele possa ajudar
outras pessoas? Divulgue-o!
PS2: Tem alguma dúvida ou assunto que gostaria de ver
abordado em um próximo post? Deixe aqui sua sugestão!